Sacramento da Ordem
O Sacramento da Ordem é o sacramento dos ministros ordenados, pelo qual um batizado tem participação específica no sacerdócio único de Cristo.
O Sacramento da Ordem, juntamente com o Sacramento do Matrimônio são classificados como sacramentos de serviço, ou seja, conferidos para o bem da comunidade, ao contrário dos outros cinco sacramentos que são conferidos para o benefício do membro individual. É através do serviço e doação integral prestado ao próximo que estes dois sacramentos auxiliam para a santificação do indivíduo que o recebeu.
Um chamado de Cristo
O Sacramento da Ordem está diretamente ligada à ação de Cristo em relação aos seus Apóstolos. No Evangelho de Marcos, podemos ver o convite de Jesus:
"Depois subiu à montanha e chamou a si os que Ele queria, e eles foram até ele. E constituiu Doze, para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar e terem autoridade para expulsar demônios" (Mc 3, 13-15)
No momento em que Jesus concede essa autoridade aos doze Apóstolos, logo os envia pra que exerçam o seu ministério no povo. Assim, o sacerdote é visto como alguém que é tirado do meio do povo e representa o povo na relação com Deus.
Os sacerdotes do Antigo Testamento são prefigurações do Sumo e eterno Sacerdote que é Cristo. Lá eles ofereciam animais pelos pecados do povo. Com Cristo, ele mesmo é oferecido uma única vez, por todos os pecados da humanidade, Jesus deixa ainda uma ordem dada aos seus ministros de continuar a sua missão, agora como "outros Cristos", como verdadeiros sacerdotes:
“E tomou um pão, deu graças, partiu e deu-o a eles, dizendo. ‘Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória’” (Lc 22, 19)
Dessa forma, o sacerdote, através do sacramento da ordem é continuador da missão de Cristo. Eles permanecem oferecendo o corpo de Cristo pela salvação do mundo.
Quem pode receber este sacramento?
Quem nos responde essa pergunta é o Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1577.
Só o varão batizado pode receber validamente a sagrada ordenação. O Senhor Jesus escolheu homens para formar o colégio dos Doze Apóstolos, e o mesmo fizeram os Apóstolos quando escolheram os seus colaboradores para lhes sucederem no desempenho do seu ministério.
O Celibato
Apesar da aparente polêmica que foi gerada nos tempos atuais em relação do celibato para aqueles que receberam o sacramento da Ordem, a Santa Igreja Católica é muito clara ao tratar deste assunto no Catecismo.
(CIC 1579) Todos os ministros ordenados da Igreja latina, à exceção dos diáconos permanentes, são normalmente escolhidos entre homens crentes que vivem celibatários e têm vontade de guardar o celibato "por amor do Reino dos céus" (Mt 19, 12). Chamados a consagrarem-se totalmente ao Senhor e às "suas coisas" dão-se por inteiro a Deus e aos homens. O celibato é um sinal desta vida nova, para cujo serviço o ministro da Igreja é consagrado: aceite de coração alegre, anuncia de modo radioso o Reino de Deus.
Há, entretanto, uma disciplina diferente, porém válida, que trata do celibato exclusivamente nas Igrejas orientais, na qual o Catecismo também faz memória e nos explica no parágrafo 1580.
(CIC 1580) Nas Igrejas orientais vigora, desde há séculos, uma disciplina diferente: enquanto os bispos são escolhidos unicamente entre os celibatários, homens casados podem ser ordenados diáconos e presbíteros. Esta prática é, desde há muito tempo, considerada legítima: estes sacerdotes exercem um ministério frutuoso nas suas comunidades. Mas, por outro lado, o celibato dos sacerdotes é tido em muita honra nas Igrejas orientais e são numerosos aqueles que livremente optam por ele, por amor do Reino de Deus. Tanto no Oriente como no Ocidente, aquele que recebeu o sacramento da Ordem já não pode casar-se.
Os três graus do Sacramento da Ordem
Chama-se Ordem este sacramento, pois indica um corpo eclesial, do qual se passa a fazer parte mediante a uma especial consagração (ordenação) que, por um particular dom do Espírito Santo, permite exercer um poder sagrado em nome de Cristo e com a autoridade d'Ele para o seviço do povo de Deus. Compõe-se de três graus, que são insubstituíveis para a estrutura orgânica da Igreja: o episcopado (bispos), o presbiterado (padres) e diaconato (diáconos).
É impotante ressaltar de que estes graus não são necessariamente recebidos em sequência, como uma espécie de promoção de cargo. Os bispos e prebíteros fazem parte do mesmo sacerdócio de Cristo que vem desde a sucessão apostólica. Ao conferir o encargo de dirigir a Igreja, Jesus estabeleceu sobre eles o sagrado magistério da Igreja constituído pelo Papa e pelos bispos e padres em comunhão com ele. Os diáconos por sua vez são ordenados para o ministério do serviço ao Povo de Deus em comunhão com os bispos e com os presbíteros.
Episcopado
A palavra epíscopo, em grego, quer dizer “supervisor”. Trata-se do grau mais importante, grau primordial, do qual procedem os outros dois:
(CIC 1555) Entre os vários ministérios que desde os primeiros tempos são exercitados na Igreja, segundo o testemunho da Tradição, ocupa o primeiro lugar o ofício daqueles que, constituídos no episcopado, pela sucessão que remota às origens, possuem a herança da raiz apostólica”
O Bispo, na sua Igreja particular, isto é, na sua diocese, é verdadeiro vigário (representante) de Cristo e sucessor dos apóstolos; ele tem a plenitude do sacramento da Ordem.
Na Igreja ele exerce em plenitude neste mundo o pastoreio de Cristo como sacerdote, sendo ele o primeiro presidente da Eucaristia e dos demais sacramentos, quem disciplina a prática sacramental de sua Igreja, quem envia os presbíteros como seus colaboradores e também sendo o primeiro responsável pela oração da Igreja. Como profeta, sendo o Bispo o primeiro responsável pela pregação do Evangelho e pela conservação da integridade da fé católica e apostólica, o que faz dele o primeiro evangelizador. Daí na igreja mãe da diocese estar a cadeira, a cátedra do Bispo, que indica que ele é mestre do Evangelho. Da cátedra vem o nome “catedral” – a Igreja na qual está a cadeira episcopal. E por último, como rei, isto é como ministro do Cristo pastor (é o Bispo o guia principal da Igreja, a autoridade maior. Em nome de Cristo ele dirige e apascenta o rebanho e nada deve ser feito contra a sua vontade. Cabe a ele discernir e coordenar os diversos ministérios e as diversas atividades diocesanas).
Por tudo isso, o episcopado é o primeiro grau da Ordem, a fonte de todos os outros graus.
Presbiterato
Em grego, presbítero significa “ancião”. Os presbíteros são conhecidos popularmente como “padres”, que significa “pai”.
Eles são ordenados pelo Bispo para auxiliá-lo no pastoreio da Diocese. Participam das funções sacerdotal, profética e real do Bispo, sempre em comunhão com ele e na dependência dele e em comunhão com os outros presbíteros. Assim, a Igreja diocesana é pastorada pelo Bispo com seu presbitério.
Nunca o Bispo sozinho; nunca os presbíteros sem o Bispo. Em geral os presbíteros exercem suas funções numa paróquia, mas podem trabalhar em outras atividades, de acordo com o parecer do Bispo.
Diaconato
Em grego, diácono significa “servidor”. Os diáconos são auxiliares do Bispo e, por determinação deste, auxiliam aos presbíteros.
Neste terceiro grau há uma coisa importante: os diáconos não têm a função sacerdotal, por isso mesmo não podem presidir à Eucaristia, nem administrar a Confirmação ou a Penitência nem a Unção dos Enfermos. É um ministério mais voltado para o serviço da pregação e da caridade fraterna.
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Referências
https://santuario.cancaonova.com/artigos-religiosos/o-que-e-o-sacramento-da-ordem/
https://olharmisericordioso.org/formacao/o-sacramento-da-ordem/
https://formacao.cancaonova.com/vocacao/sacerdocio/o-sacramento-da-ordem/
http://tribunalmaringa.blogspot.com/2015/09/os-graus-do-sacramento-da-ordem.html
https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p2s2cap3_1533-1666_po.html#:~:text=1577.,do%20seu%20minist%C3%A9rio%20(72).