O Sacramento do Matrimônio

O Matrimônio é um dos Sete Sacramentos da Igreja Católica. Juntamente com o sacramento da Ordem, ele é classificado como um sacramento de serviço, ou seja, uma sacramento que tem por objetivo levar à salvação do próximo.

Diferentemente dos demais sacramentos, nas quais todos aqueles que professam a fé são chamados a receber, os sacramentos de serviço só podem ser recebidos mediante a um chamado particular de Deus a um estado de vida próprios: o casamento e o sacerdócio.

“Os que recebem o sacramento da Ordem são consagrados para serem, em nome de Cristo, ‘com a palavra e a graça de Deus, os pastores da igreja’. Por seu lado, ‘os esposos cristãos são fortalecidos e como que consagrados por meio de um sacramento especial em ordem ao digno cumprimento dos deveres do seu estado’ ”. [1]

O Matrimônio é um sacramento instituído por Jesus

Jesus Cristo instituiu o Matrimônio, que eleva a união entre marido e mulher a um sacramento, isto é, um sinal sensível de Deus para nos dar a graça santificante.

O Catecismo da Igreja Católica parte de uma grande certeza para afirmar o caráter sacramental do Matrimônio:

“A vocação para o Matrimônio está inscrita na própria natureza do homem e da mulher, conforme saíram das mãos do Criador. Deus, que criou o ser humano por amor, também o chamou para o amor, vocação fundamental e inata de todo ser humano, pois o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, que é amor. Tendo-os criado homem e mulher, seu amor mútuo se torna uma imagem do amor absoluto e indefectível de Deus pelo homem. Esse amor é bom, muito bom aos olhos do Criador. Este amor abençoado por Deus é destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra comum de preservação da criação: Deus o abençoou e lhes disse: ‘Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a’” (CIC 1603-1604).

Os votos do casamento

Como bem observamos, o casamento na Igreja não é apenas uma formalidade ou um mero evento social, na qual pode facilmente ser rompido, mas sim um sacramento.

Por esta dignidade, os noivos fecham um contrato, não apenas entre si, mas também com Deus. Desta forma, para que o Sacramento do Matrimônio seja válido é preciso que existam alguns elementos essenciais:

  1. As partes contratantes, ou seja, o homem e a mulher.

    Embora este seja um termo bem polêmico nos tempos atuais, o Sacramento do Matrimônio é, desde o início da Igreja, o pacto matrimonial que só pode acontecer entre o homem e a mulher.

    Isto porque é levado em consideração a palavra máxima de Jesus Cristo que diz que: “Mas no princípio da criação Deus os fez homem e mulher. Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’’. (Mc 10, 6-7)

  2. O objeto do contrato, neste caso, os corpos que se entregam como direito recíproco.

  3. O consentimento legítimo, que deve ser expresso por ambas as partes.

  4. A abertura à geração de filhos, a educação destes, a ajuda mútua entre os cônjuges etc.

“A fecundidade é um Dom, um fim do matrimônio, porque o amor conjugal tende a ser fecundo. O filho não vem de fora acrescentar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no próprio âmago dessa doação mútua, da qual é fruto e realização. A Igreja ‘está ao lado da vida’, e ensina que qualquer ato matrimonial deve estar aberto à transmissão da vida” (CIC, 2366).

O casamento cristão, elevado por Cristo à dignidade de Sacramento, isto é, comunicador da graça de Deus, tem duas dimensões, como vimos: a unitiva e a procriativa. A primeira se refere à comunhão e ao bem dos cônjuges, na vivência do amor conjugal; a segunda, se refere à geração e educação dos filhos.

A dimensão unitiva leva o casal ao crescimento e à santificação do próprio estado, e a procriação lhes dá a grande graça de cooperar com Deus na obra máxima de gerar os seus filhos. Essa dimensão faz dos casais “nascentes de vida”.

Lamentavelmente estabeleceu-se entre nós, também cristãos e católicos, uma cultura “anti-natalista”. Por incrível que pareça “as preocupações da vida” (Lc 12,22; Mt 6,19), tão condenadas por Jesus, sufocaram o valor imenso da vida humana, levando as gerações à triste mentalidade de “quanto menos filhos melhor”. À luz do cristianismo, é uma triste mentalidade, pois a Igreja sempre ensinou o valor incomensurável da vida. [2]

Alguns pontos sobre abertura à vida:

1. Deus manda a abertura à vida. A Igreja ensina isso, pela autoridade divina.

2. Abertura à vida significa, antes de tudo, uma mentalidade: do sexo naturalmente “surgem” filhos, como da comida surge naturalmente a nutrição. E, como tudo que é natural, importa em agir de modo natural.

3. Já que é natural e ordenado por Deus, temos que confiar na Providência. Deus não nos desampara.

4. Não se trata de ter família numerosa, pois o número é o de menos, e quem comanda é Deus e a natureza. Trata-se, mais do que isso, de ser uma família generosa.

5. Na prática, abertura à vida é a recusa de qualquer método anticoncepcional. Qualquer um. Os métodos artificiais e também os naturais.

6. Não existe licitude de uso de método natural de anticoncepção. O que existe é o uso de métodos naturais para o espaçamento de gestações, e apenas em causas justas.

7. Quem usa métodos naturais para espaçar, havendo causas justas, também está aberto à vida. [3]

Algumas curiosidades sobre o rito do Matrimônio

Durante todo o rito matrimonial, há vários símbolos e significados que envolvem em cada ato uma expressão do entendimento teológico da união de Cristo pela Sua Igreja. Marido e mulher são esta prefiguração.

  • Entrada do noivo:

Quando o noivo, pais e padrinhos entram fecham-se as portas da Igreja e, neste momento, há uma expectativa, o que simboliza exatamente a espera para o fim dos tempos. Já que no fim dos tempos vai acontecer a união entre Cristo e a Igreja. 

  • Abertura das portas, atraso da noiva e os pajens:

O ato penitencial antigamente acontecia no momento em que se fechava às portas da Igreja. Todos os presentes faziam um momento de arrependimento pedindo perdão a Deus, enquanto acontecia o atraso da noiva.

Quando as portas da Igreja se abrem, no rito do matrimônio, é relembrada a parusia. Por isso, entram os pajens, isto é, os meninos responsáveis por levar as alianças até o altar, que são sinais dos anjos de Deus, da glória de Deus. Ou seja, até a vinda de Jesus, a parusia está presente no Matrimônio, no momento da abertura da porta.

Quando a porta da Igreja abre simboliza o fim dos tempos. O tempo que os fiéis têm para se arrepender é antes da abertura da porta. Por isso, o ato penitencial é feito antes da entrada da noiva. Depois que se abre a porta e a noiva entra é a celebração das bodas do Cordeiro, já houve o fim dos tempos, não há mais como se arrepender. É a hora da alegria para aqueles que são salvos por Cristo. 

  • O toque da trombeta e a entrada da noiva de branco: 

O tocar da trombeta ou dos clarins são a simbologia do anúncio da chegada da noiva (a Igreja) que encontra uma vida nova com a doação total do noivo (Cristo). Normalmente tem um efeito triunfal, causando um grande impacto e criando expectativa nos convidados e no noivo para a primeira aparição da noiva. 

A noiva vestida de branco expressa a Igreja e as trombetas que antecedem a entrada da noiva estão descritas no Apocalipse (cap. 6). No fim dos tempos se tocarão as trombetas anunciando a chegada do Cordeiro. Esses são alguns sinais que expressam esta realidade, o Matrimônio cristão é a união de Cristo com a Igreja que vai acontecer no fim dos tempos.

  • Não é o sacerdote que celebra o matrimônio

O celebrante do casamento não é o sacerdote, mas os noivos. O padre (bispo, diácono ou até mesmo o ministro leigo que possa ser delegado pelo bispo) assiste o sacramento, está testemunhando em nome da Igreja a união daquele Matrimônio. Quem celebra o Matrimônio são os próprios noivos. Porque as palavras sacramentais são ditas por eles.

Todo sacramento tem a matéria e a forma, segundo a Teologia. A fórmula é o que se diz para sacramentar. Por exemplo, no Batismo a matéria é a água e a fórmula é “eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”,  e o sacerdote vai derramando a água sobre a pessoa ou mergulhando nas águas. A matéria da Eucaristia é o pão e o vinho e a fórmula são as palavras que o sacerdote diz “tomai todos e comei isto é meu corpo que será entregue por vós”. 

No Matrimônio, a matéria são os noivos e a fórmula “Eu,  te recebo (nome do noivo/a) por minha esposa (meu esposo) e te prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida”.  Quando o noivo e a noiva dizem isso, proferem a fórmula do sacramento do Matrimônio. Assim, os ministros do sacramento são os noivos. [4]

Para finalizar, é válido recordar que uma das propriedades essenciais do Matrimônio, como já vimos, é a unidade e a indissolubilidade. Por sua própria natureza, o amor conjugal é fiel e exclusivo até a morte. Fidelidade que, por vezes, pode parecer difícil, porém, é totalmente possível, nobre e meritória. A fidelidade no Matrimônio é manancial de felicidade profunda e duradoura. Além disso, é indissolúvel e perpétuo, quer dizer, uma vez contraído, não se pode romper senão com a morte de um dos cônjuges.

“Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe” (Mc 10, 9)

Leia mais sobre os Sacramentos da Igreja Católica

O Sacramento do Batismo

O Sacramento da Confirmação

O Sacramento da Eucaristia

Sacramento da Penitência

Unção dos Enfermos

Sacramento da Ordem

Referências

[1] Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1535

[2] https://cleofas.com.br/vosso-amor-sera-criador/

[3] https://www.catolicosnabiblia.com.br/sexo-aberto-vida

[4] https://comshalom.org/curiosidades-sobre-o-sacramento-do-matrimonio/

https://formacao.cancaonova.com/series/sete-sacramentos/qual-a-finalidade-do-sacramento-do-matrimonio/

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