História de São João Batista
“Ele respondeu: ‘Eu sou a voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como o disse o profeta Isaías’ (40,3).” (Jo 1,23)
São João Batista é aquele que anuncia a chegada do Messias prometido por Deus Pai através dos profetas. Ele é o último dos profetas do Antigo Testamento, o precursor de Jesus Cristo.
Depois de Nossa Senhora, talvez seja João Batista o santo mais venerado pelos Cristãos. Como a Santa Mãe de Deus, dele também se celebra a data de dois nascimentos: para a vida terrena, em 24 de junho, e para a vida eterna em 29 de agosto. Aliás, São João e Maria Santíssima eram parentes bem próximos.
O nascimento de São João Batista
Segundo o Evangelho de São Lucas, João, chamado de Batista, nasceu em uma cidade do reino de Judá, perto de Hebron, nas montanhas ao sul de Jerusalém, sendo descendente do santo pariarca Abraão, iniciador da história do povo de Israel.
Filho do sacerdote São Zacarias e de Santa Isabel, parenta de Nossa Senhora, seu nascimento foi anunciado pelo Arcanjo Gabriel, seis meses antes da Anunciação do Arcanjo Gabriel a Virgem Maria e da Encarnação do Verbo.
Lucas narra as circunstâncias sobrenaturais que precederam o nascimento do menino.
Santa Isabel estéril e já idosa, viu seu grande desejo de ser mãe ser realizado. O Arcanjo Gabriel apareceu a Zacarias anunciando que a esposa lhe daria um filho, que deveria se chamar João.
Antes mesmo de nascer percebe a presença de Jesus "estremecendo de alegria" no ventre materno por ocasião da visita de Maria à sua prima Isabel.
Enviado por Deus para “endireitar os caminhos do Senhor”, foi santificado pela graça divina antes mesmo que seus olhos se abrissem à luz. “Eis — diz Isabel, repleta do Espírito Santo, a Maria — quando tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre”. (Lc 1,44)
Pela graça de Deus, João não foi morto no massacre dos inocentes quando milhares de crianças foram assassinadas na região de Belém a mando de Herodes.
O Precursor de Cristo
Estando ainda na juventude, João retirou-se para o deserto. Foi nesse ambiente austero, recolhido e afastado dos homens que ele se preparou, através da oração e da penitência, para cumprir sua missão.
Através de uma vida coerente, não cessava jamais de exortar e chamar as pessoas ao seu redor à verdadeira conversão: “Arrependei-vos e convertei-vos, pois o reino de Deus está próximo” (Mt 3, 2).
Em suas pregações insistia sempre para que os judeus, pela penitência, se preparassem pois estava próxima a chegada do Messias prometido, por este motivo João passou a ser conhecido como profeta.
João, o "Batista"
João alertava o povo para a proximidade da vinda do Messias e praticava um ritual de purificação corporal por meio da imersão dos fiéis na água, para simbolizar uma mudança interior de vida. Por conta da quantidade de batismo que ministrava, João passou a ser conhecido como o "Batista".
Jesus, antes de iniciar sua vida pública foi batizado por São João Batista, embora João se recusasse a faze-lo pois via sua indgnidade perante o Filho de Deus: "Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim ?"(Mt 3:14). Ao batiza-Lo, João dá testemunho: “Vi o Espírito descer do céu em forma de uma pomba e repousar sobre ele” (Jo 1,32).
O martírio de João Batista
João pregou também na corte de Herodes, Antipas, tetrarca da Galiléia. Foi ai que ele teve oportunidade de denunciar a vida escandalosa que o governante levava. E foi também essa denuncia que serviu de motivo para que João Batista fosse preso. Ele só não foi condenado à morte nessa ocasião porque o tetrarca sabia da popularidade do já muito conhecido pregador. Todavia, temia ele a reação do povo diante dessa medida extrema.
Porém, como relata o evangelista São Marcos (6, 21-29), aconteceu que durante as comemorações do aniversário de Herodes, Salomé, filha de Herodíades – mulher com a qual o governante mantinha um relacionamento irregular e imoral – agradou tanto ao aniversariante que este prometeu atender qualquer pedido feito pela moça.
Instigada pela mãe, ela pediu a cabeça de João Batista. Herodes cumpriu o prometido: mandou degolar João Batista e entregou sua cabeça numa bandeja a Salomé.
A festa de São João
A festa junina, uma das maiores tradições brasileiras, surgiu ainda no período pré-gregoriano na Europa, como uma festa pagã que comemorava a fertilidade da terra e as boas colheitas.
Na transição da Idade Antiga para a Idade Média, a Igreja Católica acabou por substituir os rituais dedicados aos deuses médio orientais, gregos, romanos e nórdicos por festas dedicadas aos santos, foi o caso desta festa que, por ser celebrada no dia 24 de Junho, passou a ser dedicada ao nascimento de São João Batista.
No Brasil, a festividade foi trazida pelos portugueses por volta do século XVI, sendo dedicada também a Santo Antônio e a São Pedro, santos que possuem suas festas litúrgicas no mês de Junho, desta forma a festa passou a chamar-se de junina.
Tradição da fogueira
Da história de São João, a cultura popular europeia retirou vários símbolos que passaram a se mesclar com os tradicionais ritos de colheita. A fogueira, característica das festas de São João, tem fundamento na história do nascimento de João Batista. A fogueira era um sinal de Santa Isabel para Maria, Mãe de Jesus.
Conta-se que Nossa Senhora perguntou a Santa Isabel como poderia saber do nascimento do menino, ao que Isabel respondeu:
– Vou acender uma fogueira bem grande; assim você poderá vê-la de longe e saberá que João nasceu. Mandarei também erguer um mastro com uma boneca sobre ele.
Santa Isabel cumpriu a promessa. Certo dia Nossa Senhora viu ao longe uma fumaça e depois chamas vermelhas. Foi à casa de Isabel e encontrou o menino João Batista.
No Brasil, a prática do acendimento da fogueira na noite de 23 para 24 de junho foi trazida pelos jesuítas.
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