Unção dos enfermos

A Igreja é a continuadora da missão de Jesus Cristo em meio aos homens. Assim como manifestava o poder e o amor do Pai através de curas e milagres, deixou aos Apóstolos o mesmo poder.

“Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demô­nios. Recebestes de graça, de graça dai!” (Mt 10, 8)

Do Sagrado Coração de Jesus, aberto pela lança no alto da Cruz, saíram sangue e água, a fonte inesgotável da misericórdia de Deus. Deste sangue e desta água é que vieram os sacramentos que hoje a Santa Igreja administra, como sinais claros e visíveis da ação misericordiosa de Deus.

Destes sacramentos, há dois que são voltados para a cura das enfermidades físicas e espirituais, são estes o Sacramento da Reconciliação e a Unção dos Enfermos. Classificados como os Sacramentos da Cura, eles são como bálsamo no corpo e na alma, e permitem aos homens, curados das feridas, serem um sinal da Glória de Deus.

Unção dos Enfermos ou Extrema-Unção?

O antigo nome deste sacramento, Extrema-Unção, tinha um significado litúrgico e começou a ser usado no final do século XII. Anteriormente a esse período, e tal como nos dias atuais, a Igreja usa o termo Unção dos Enfermos.

O termo Extrema-Unção indicava liturgicamente que este sacramento se tratava da última das quatro unções que um cristão podia receber: as unções do Batismo, da Confirmação, da Ordem Sagrada (no caso de varões) e por fim, a Extrema Unção.

Como os fiéis não entendiam que o sacramento se tratava da unção 'última' (a última das quatro!), criou-se a interpretação errônea de que, ao recebe-la, o mais provável era que a pessoa morresse, causando a impressão de que este sacramento era, na verdade, uma sentença de morte, o que é exatamente o contrário do seu objetivo real.

Diante deste problema, o Concílio Vaticano II achou oportuno dar novamente preferência ao termo Unção dos Enfermos, que utilizamos nos dias de hoje.

Uma graça que o Senhor nos concede por meio da Igreja

A Unção dos enfermos não é uma sentença de morte, mas sim, uma sacramento de vida, pois, como um sacramento de cura, tem a finalidade de sarar, de animar e perdoar os pecados.

"Curai os enfermos!" (Mt 10,8). A Igreja recebeu esta missão do Senhor e se esforça pr cumprí-la tanto pelos cuidados aos doentes, como pela oração de intercessão com que os acompanha (CIC 1509).

Entretanto, a Igreja dos Apóstolos conhece um rito próprio em favor dos enfermos, atestado por São Tiago:

"Alguém de vós está doente? Chame os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Ts 5, 14-15).

A Tradição reconheceu neste rito um dos sete sacramentos da Igreja. (CIC 1510)

Portanto, a Igreja crê e confessa que existe, entre os Sete Sacramentos, um sacramento especialmente destinado a reconfortar aqueles que são provados pela enfermidade: a Unção dos Enfermos. Esta unção sagrada foi instituída por Cristo como sacramento do Novo Testamento, conforme insinuado no Evangelho de São Marcos;

“ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam.” (Mc 6, 13)

recomendado aos fiéis e promulgado por Tiago (Tg 5, 14-15), como já citado anteriormente.

Quando receber a Unção dos Enfermos?

Como já o dissemos, o Sacramento da Unção dos Enfermos não é sacramento dos que estão prestes a morrer. Por isso, o Catecismo da Igreja Católica nos diz, nos parágrafos 1514 e 1515 que:

''o tempo oportuo para receber é certamente quando o fiél começa, por doença ou por velhice, a estar em perigo de morte. Se um doente que recebeu a Unção recupera a saúde, pode, em caso de nova enfermidade grave, receber outra vez este sacramento.

No decurso da mesma doença, este sacramento pode ser repetido se o mal se agrava. É conveniente receber a Unção dos Enfermos antes duma operação cirúrgica importante. E o mesmo se diga a respeito das pessoas de idade, cuja fragilidade se acentua."

Quem pode ministrar este sacramento?

Somente os sacerdotes (bispos e padres) são ministros da Unção dos Enfermos. Ao administrá-lo, os sacerdotes ungem com o óleo a fronte e as mãos do enfermo (CIC 1516, 1530). Este óleo, chamado Óleo dos Enfermos ou ‘Santos Óleos’ é um dos três que o bispo da diocese abençoa na sua catedral na manhã de Quinta-Feira Santa. Os outros dois óleos são o Santo Crisma e o Óleo dos Catecúmenos, utilizado no Batismo.

Enquanto faz as unções, o ministro recita a seguinte oração: “Por esta santa unção e por sua piíssima misericórida, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que liberto dos teu pecados, Ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos” (CIC 1513). Ao receber este sacramento o enfermo recebe a graça do reconforto, e a paz e a coragem para vencer as dificuldades próprias do seu estado de enfermidade ou de sua fragilidade na velhice (CIC 1520).

Os efeitos da celebração deste sacramento

Um dom particular do Espírito Santo

primeira graça deste sacramento é uma graça de reconforto, de paz e de coragem para vencer as dificuldades próprias do estado de doença grave ou da fragilidade da velhice. Esta graça é um dom do Espírito Santo, que renova a confiança e a fé em Deus, e dá força contra as tentações do Maligno, especialmente a tentação do desânimo e da angústia da morte. Esta assistência do Senhor pela força do seu Espírito visa levar o doente à cura da alma, mas também à do corpo, se tal for a vontade de Deus. Além disso, se ele cometeu pecados, ser-lhe-ão perdoados. (CIC 1520)

A união à paixão de Cristo

Pela graça deste sacramento, o enfermo recebe a força e o dom de se unir mais intimamente à paixão de Cristo: ele é, de certo modo, consagrado para produzir frutos pela configuração com a paixão redentora do Salvador. O sofrimento, sequela do pecado original, recebe um sentido novo: transforma-se em participação na obra salvífica de Jesus. (CIC 1521)

Uma graça eclesial

Os doentes que recebem este sacramento, "associando-se livremente à paixão e morte de Cristo, concorrem para o bem do povo de Deus" . Ao celebrar este sacramento, a Igreja, na comunhão dos santos, intercede pelo bem do doente. E o doente, por seu lado, pela graça deste sacramento, contribui para a santificação da Igreja e para o bem de todos os homens, pelos quais a Igreja sofre e se oferece, por Cristo, a Deus Pai. (CIC 1522)

Uma preparação para a última passagem

Se o sacramento da Unção dos Enfermos é concedido a todos os que sofrem de doenças e enfermidades graves, com mais forte razão o é aos que estão prestes a deixar esta vida "in exitu vitae constituti": de modo que também foi chamado "sacramentum exeuntium – sacramento dos que partem".

A Unção dos Enfermos completa a nossa conformação com a morte e ressurreição de Cristo, tal como o Baptismo a tinha começado. Leva à perfeição as unções santas que marcam toda a vida cristã: a do Batismo selara em nós a vida nova: a da Confirmação robustecera-nos para o combate desta vida; esta última unção mune o fim da nossa vida terrena como que de um sólido escudo em vista das últimas batalhas, antes da entrada na Casa do Pai. (CIC 153)

Leia mais sobre os Sacramentos da Igreja Católica

O Sacramento do Batismo

O Sacramento da Confirmação

O Sacramento da Eucaristia

Sacramento da Penitência

Sacramento da Ordem

Sacramento do Matrimônio

Referências

  1. https://olharmisericordioso.org/formacao/o-sacramento-da-uncao-dos-enfermos/

  2. https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/voce-sabe-o-que-e-o-sacramento-da-uncao-dos-enfermos/

  3. https://www.ofielcatolico.com.br/2001/03/o-sacramento-da-extrema-uncao-ou-uncao.html

  4. https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-que-e-uncao-dos-enfermos-e-quando-deve-ser-concedida/

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