Qual a diferença entre Terço e Rosário?

Esta é uma pergunta muito comum para aqueles que recentemente aderiram a esta devoção mariana. Apesar de parecer um tanto confuso, a diferença entre o Terço e o Rosário é um ponto muito simples.

Por isso, querido irmão e querida irmã, nós da equipe Nossa Sagrada Família, separamos esta matéria que te ajudará a entender mais sobre a devoção mariana mais querida de Nossa Senhora.

Uma antiga tradição

O ato de contar pequenas orações de repetição nos dedos da mão, por meio de pedrinhas, grãos ou ossinhos, soltos ou unidos por um barbante, é um costume muito antigo e utilizado por fiéis de muitas religiões. Por exemplo, o Islamismo, fundado por Maomé (570 - 632), usa o “subha” (aquele ícone do WhatsApp que se assemelha com um terço), que é feito de madeira, osso ou madrepérola, e consta de três grupos de trinta e três contas para recitar novena e nove nomes de Deus.

No cristianismo, o costume de se rezar orações de repetição se verificava entre os monges nos séculos IV e V (anos 300 e 400).

A origem do Rosário

O nosso Catecismo diz: “A piedade medieval do Ocidente desenvolveu a oração do Rosário como alternativa popular à oração das horas”. (n.2678)

Inicialmente, foi introduzido o costume de rezar um determinado número de vezes a oração do Pai Nosso. Isto se dava de modo especial nos mosteiros, sobretudo a partir do século X, quando os religiosos não conseguiam rezar o Saltério, isto é, a recitação de 150 Salmos, como era costume na vida monástica.

Até o século VII (depois do ano 600), a frase do anúncio do Anjo a Maria (que seria o início da primeira parte da oração da Ave Maria do modo como conhecemos no dia de hoje), era a antífona do ofertório do 4° Domingo do Advento, mas que, com o tempo, foi acrescentada à esta nova oração popular, sendo acrescentado as palavras de Isabel a Nossa Senhora quando esta a visitou.

O nome de Jesus no final da primeira parte e a segunda parte da Ave Maria foram introduzidos em torno do ano de 1480.

O Saltério Mariano

Inicialmente, a recitação da Ave Maria era feita sem a inclusão dos mistérios da vida de Cristo. Entre os anos de 1410 e 1439, o monge cartuxo Domingo de Prusia, de Colônia, Alemanha, introduziu uma espécie de saltério mariano, com 50 Ave Marias, mas cada uma era seguida de uma referência a uma passagem do Evangelho, como uma jaculatória. Desta forma, os salmos eram substituídos pelas Ave Marias e as antífonas, pelas passagens evangélicas.

A devoção logo se espalhou e o dominicano Alano de la Roche (1428 -1475) popularizou o nome do saltério como o “Rosário da Bem-Aventurada Virgem Maria”.

Outro dominicano, Alberto de Castello, em 1521, simplificou o Rosário, escolhendo 15 passagens evangélicas para a meditação a cada dez Ave Marias.

O Rosário como conhecemos hoje

São Pio V, Papa de 1566 a 1572, época final e de implementação do Concílio de Trento, em que foram organizados os livros litúrgicos utilizados até o Concílio Vaticano II, estabeleceu a atual configuração do Rosário. Ele atribuiu à oração do Rosário a vitória naval de Lepanto, em 07 de outubro de 1571, que salvou o povo cristão da Europa de um grande perigo. Por causa disto, introduziu a festa de Nossa Senhora do Rosário.

Por que é chamado de Rosário?

O antigo saltério mariano recebeu o nome de Rosário devido a um antigo costume de alguns povos de oferecer coroas (guirlandas) de rosas para coroar a sua rainha. Maria, sendo a Rainha do Céu e da Terra, recebe esta coroa de 150 Ave Marias, o Rosário.

A partir da configuração feita por São Pio V, o Rosário passou a ser formado pela recitação de 150 Ave Marias, onde se é contemplado os mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo: A Encarnação do Verbo e a sua infância (chamados de Mistérios Gozosos); Os mistérios da Paixão (Mistérios Dolorosos) e o triunfo de Cristo sobre o pecado e a morte (os Mistérios Gloriosos).

Cada mistério do Rosário é composto de 50 Ave Marias, onde é subdividido em pequenas meditações a cada dezena, ou seja, cada mistério do Rosário é dividido em 5 meditações específicas com 10 Ave Marias em cada.

Desta forma, o Rosário é organizado desta maneira:

  • Mistérios Gozosos

    1° Mistério: A anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria

    2° Mistério: A visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel

    3° Mistério: O nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo

    4° Mistério: A apresentação do Menino Jesus no Templo

    5° Mistério: A perda e o encontro do Menino Jesus no Templo

  • Mistérios Dolorosos

    1° Mistério: A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras

    2° Mistério: A flagelação de Nosso Senhor

    3° Mistério: A coroação de espinhos

    4° Mistério: Jesus carregando a cruz até o Calvário

    5° Mistério: A crucifixão e morte de Jesus

  • Mistérios Gloriosos

    1° Mistério: A Ressurreição de Jesus

    2° Mistério: A Gloriosa Ascenção de Jesus aos Céus

    3° Mistério: A vinda do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos

    4° Mistério: A Assunção de Maria

    5° Mistério: A coroação de Nossa Senhora como Rainha do Céu e da Terra

No ano de 2002, o então Papa São João Paulo II, acrescentou os Mistérios Luminosos, onde é contemplado a vida pública de Jesus, desta forma, o Rosário passa a ter 200 Ave Marias:

  • Mistérios Luminosos

    1° Mistério: O Batismo de Jesus no Rio Jordão

    2° Mistério: O primeiro milagre de Jesus nas Bodas de Caná

    3° Mistério: O anúncio do Reino de Deus e o convite à conversão

    4° Mistério: A Transfiguração de Jesus

    5° Mistério: A instituição da Santíssima Eucaristia e do Sacerdócio

O Terço

Antes de São João Paulo II, o Rosário era, como vimos, a recitação de 150 Ave Marias. Como esta oração era dividida em 3 mistérios (Gozosos, Dolorosos e Gloriosos), costumou-se chamar de Terço cada mistério isolado, ou seja, cada terça parte do Rosário, que consiste na recitação de 50 Ave Marias.

Com a inclusão dos Mistérios Luminosos, o Rosário passou a ter 200 Ave Marias, de forma que o Terço já não consiste mais na terça parte do Rosário, mas sim da quarta parte, porém como o nome Terço já estava amplamente popularizado, ficou decidido não mudá-lo.

“Rezem o Terço todos os dias…”

A Santa Igreja recomenda, à pedido da própria Virgem Maria em diversas aparições, tendo um destaque maior em Fátima, que os fieis rezem o Rosário todos os dias, porém, por se tratar de uma oração longa, nem todos tem condições de rezá-la, por isso, é pedido que seja rezado, ao menos um Terço por dia.

Como forma de auxiliar os fieis, a Igreja estipulou dias específicos para a meditação de cada Mistério:

  • Mistérios Gozosos: Segunda-feira / Sábado

  • Mistérios Luminosos: Quinta-feira

  • Mistérios Dolorosos: Terça-feira / Sexta-feira

  • Mistérios Gloriosos: Quarta-feira / Domingo

É válido ressaltar que, se você, caro leitor (a) tem condições de rezar um Rosário por dia, reze-o.

Por que devo rezar o Rosário / Terço?

O Rosário / Terço, além de “arma poderosa” é um excelente remédio para a alma, fortalecendo-a, protegendo-a, produzindo paz e serenidade. Basta, neste sentido, ver as promessas que Nossa Senhora fez a São Domingos de Gusmão para quem o rezasse:

  1. Prometo minha proteção e as maiores graças aos que rezarem o terço.

  2. Aqueles que rezarem-no com muita fé em vida, na hora de sua morte encontrarão a luz de Deus e a plenitude da sua graça.

  3. As crianças devotas dele merecerão um alto grau de glória no céu.

  4. Obterão tudo o que pedirem mediante esta oração.

  5. Os que propagarem esta devoção serão assistidos por mim em suas necessidades.

  6. Os que acudirem a mim ao rezá-lo, terão como intercessora toda a corte celeste durante a vida e na hora da morte.

Estas promessas, de uma maneira ou de outra, foram reiteradas por Nossa Senhora nas aparições de Fátima, Veja, por exemplo, o que a Virgem Santíssima disse à irmã Lúcia na primeira aparição:

- Não tenhais medo, não farei nenhum dano!

- De onde vem Vossa Mercê?

- Venho do Céu.

- E, o que queres de mim?

- Venho pedir-te que durante 6 meses seguidos venhas aqui no dia 13 a esta mesma hora. Então te direi quem sou e o que quero. E, depois, voltarei aqui uma sétima vez.

- E irei eu também ao Céu?

- Sim, irás.

- E Jacinta?

- Também

- E Francisco?

- Também! Mas terá que rezar muitos terços!... Desejais oferecer-vos a Deus para suportar todo o sofrimento que Ele deseja enviar-vos, como ato de reparação pelos pecados pelos quais Ele é ofendido e para pedir pela conversão dos pecadores?

- Sim, queremos.

- Então tereis que sofrer muito. Mas a graça de Deus vos confortará. (Luz intensíssima que penetrou no mais profundo do coração e da alma)

Nisto, se ajoelharam e fizeram um ato de adoração a Deus. A Virgem, em seguida disse:

- Rezai o Rosário todos os dias para obter a paz do mundo e para terminar a guerra.

Nossa Senhora, nestas palavras, mostra a força desta oração para alcançar a salvação e como instrumento da paz do mundo.

Gostou do Artigo? Então que tal aprender a rezar o Santo Terço?

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